segunda-feira, 22 de março de 2010

"Memória da dança e do teatro em Ipatinga"







Está sendo distribuído o catálogo “Memórias da dança e do Teatro em Ipatinga”, resultado de uma pesquisa histórica que buscou resgatar fatos que marcaram a trajetória das artes representativas da cidade. Mais de 300 exemplares já foram entregues à Secretaria de Cultura de Ipatinga, que irá disponibilizá-los às bibliotecas das escolas da rede municipal. Foram encaminhados exemplares também para a Funarte, Centro Cultural Usiminas, Biblioteca Municipal Zumbi dos Palmares e outros espaços culturais de Ipatinga.

O projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e apoio do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ipatinga (Seci).

Juntamente com a pesquisa, foi realizado na Academia Olguin, primeiro palco da cidade , o Chá da Memória onde se reuniram pessoas ligadas á dança e ao teatro de Ipatinga para relembrar eventos que marcaram a história da dança e do teatro ocorridos entre as décadas de 1960 e 1990. “Cada bailarino ou ator trouxe à memória fatos dos quais os outros às vezes não se lembravam ou desconheciam. Enquanto um ator dizia que tal fato acontecera em determinado ano, em tal espaço, outro se lembrava de outros detalhes, buscando, assim, a reconstituição mais fiel possível dos acontecimentos. Foi muito curioso”, conta a historiadora e produtora cultural, Leila Cunha, responsável pelo Projeto, juntamente com Etiene Pires, Valéria da Silva e Weiden Morais, também historiadores.

O Chá foi realizado pela manhã entre bailarinos e, à tarde, ente atores do teatro. Zélia de Souza Franco Olguin, dona Zélia Olguin, abriu a conversa relembrando o início da sua carreira de bailarina, em 1949, tempo em que estudava dança clássica com Madame Olenewa, que pertenceu à primeira geração da dança clássica no Brasil. Falou da sua vinda para Ipatinga, em 1964, tempo em que a Usiminas estava sendo construída; sobre a fundação da Academia Olguin, em 1970, e sobre a instituição do Encontro de Danças do Vale do Aço (Endança), em 1986, que contou com a participação de grupos de dança da região e recebeu o Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, do Balé da Fundação Clóvis Salgado, Grupo Corpo, Centro Mineiro de Dança Clássica, Raça Cia. de Dança, Grupo de Dança Camaleão, dentre outros.

Para Salette, o Projeto Bolsas de Estudos veio estimular ainda mais a formação de bailarinos, “um propósito que já havíamos abraçamos há tempos. Percebemos que trazer companhias de fora não era tudo. Precisávamos investir na formação de bailarinos da região, revelar novos talentos. O Projeto cumpre bem esse objetivo”, diz Salette.


ATRELADAS

O bailarino João Carlos de Souza, da Fluxo Cia. de Dança, observou que a história da dança e a do teatro sempre estiveram atreladas. “Em todos os relatos podemos perceber que os bailarinos citam os atores de teatros e vice-versa, falam dos mesmos espaços onde se apresentavam, dos mesmos desafios”, destaca o bailarino.

O Chá da Memória foi prestigiado por um grupo de bailarinos argentinos, que disseram estar maravilhados com a história da dança. “A gente não tem isso na Argentina. Os acontecimentos não são registrados. É como se amputassem os fatos. Eles acontecem e acabam ali mesmo, caem no esquecimento. Fica como se nunca tivessem existido. Estamos surpresos como a força que a dança tem aqui; parece ser maior que do teatro. Hoje, folheando um jornal da cidade, vimos três matérias só sobre dança”, observou a argentina Lúcia Russo.

TEATRO

O teatrólogo, Darci de Mônaco, foi incumbido de dar início ao bate-papo sobre a história do teatro. “Minha primeira apresentação aconteceu em 1956. Aos dez anos de idade, fiz a peça Zefa na Justiça. Daí em diante, comecei minha luta por um espaço para fazer teatro. Cheguei a montar peça nos fundos da casa do ex-prefeito de Ipatinga, o Jamil.

Em seu quintal, havia um local onde ele guardava seus cavalos. A gente tirava os animais de lá, limpava toda a área e, depois do espetáculo, voltávamos com os cavalos para o seu abrigo. Fiz também teatro de bolso, inspirado no que eu conheci no Rio e São Paulo.

Para Darci, trabalhar com cultura sempre foi um desafio, “pois, se o governo precisa sacrificar algum setor, nunca será outro senão a cultura. Por isso, tudo foi com muito sacrifício”, reclama.

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